Saiba como agir em casos de desaparecimentos de crianças e adolescentes

Casos de desaparecimentos geram preocupação e angústia aos familiares, que muitas vezes não sabem como proceder. Alguns mitos, como o de que é preciso esperar 24 horas para buscar apoio das autoridades atrapalham as buscas, conforme orienta a Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca), da Polícia Civil do Amazonas.

De janeiro a junho deste ano, Manaus registrou 93 desparecimentos, na faixa etária de 0 a 17 anos. Os dados são da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM).

A delegada titular da Depca, Joyce Coelho, disse que todas as Delegacias de Polícia estão aptas ao registro do caso policial de desaparecimento. Mas as investigações são atribuição da unidade especializada, que tem atendimento 24 horas por dia.

“A gente orienta que, nesses casos, a família procure presencialmente a Depca. Uma vez que a aqui, tem um plantão que funciona 24 horas, para que a gente possa passar todas as orientações e também, pegar todas as informações do familiar. Esse protocolo inclui a orientação para a divulgação mais rápido possível da imagem da criança e do adolescente desaparecido”, explicou a delegada.

Após os responsáveis registrarem o Boletim de Ocorrência (B.O), a unidade policial encaminha um ofício às autoridades aéreas e portuárias, para prevenir e evitar o embarque da criança e do adolescente pelas vias de saída da cidade.

“Esse ofício é importante para que a gente evite a exploração sexual. Sabemos que existe o tráfico de pessoas, essa é uma das atribuições de investigação da delegacia, e são crimes muito difíceis de investigar”, disse.

A delegada ressalta que é muito comum ouvir que os familiares devem aguardar o prazo de 24 ou 72 horas para registrarem o boletim. No entanto, essa é uma crença popular equivocada.

“Qualquer alteração na rotina da criança e do adolescente, nós precisamos que seja informado de imediato, não existe esse lapso temporal de 24 horas e 48 horas. Observou alguma alteração? procure a unidade policial para fazer o registro, porque cada minuto que a gente perde, pode ser significativo na hora de encontrar”, ressaltou.

Nos casos em que a criança ou adolescente retorna para casa, após um período sumido, a orientação é procurar a polícia, da mesma forma, para esclarecer se houve a prática de algum delito no período de ausência da criança e adolescente.

Banco de DNA

No Amazonas, o governo estadual mantém um banco de DNA de familiares de pessoas desaparecidas. A medida foi proposta pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública em parceria com o Departamento de Polícia Técnico-Científica (DPTC) e foi lançado, ano passado, em alusão ao Dia Internacional da Criança Desaparecida.

De acordo com a gerente do Laboratório de Genética Forense, perita Daniela Koshikene, dependendo do caso, após o registro do B.O, o Laboratório trabalha em parceria com a DEPCA, coletando as amostras dos genitores dos menores, para a busca no banco de DNA.

“Através do banco a gente faz a busca dessa criança desaparecida dentro do Amazonas e também nos demais estados do país. É importante salientarmos que o banco trabalha com amostras do ano de 2002, que estão fazendo parte do bando hoje em dia”, enfatizou a perita.

Daniela também salienta que mesmo que o desaparecimento tenha acontecido anos atrás, a família deve procurar o Laboratório.

“O banco trabalha com amostras e vestígios que são provenientes de diferentes localidades, de diferentes anos também. O importante é que a família consiga ter uma resposta, mesmo que essa resposta seja de uma pessoa estando em excelentes condições de saúde ou não. Oo importante é que a família consiga ter um encerramento dessa busca”, explicou.

O material genético é coletado pelo Instituto de Criminalística (IC), através do laboratório de genética forense, localizado na avenida Noel Nutels, 300, bairro Cidade Nova, zona norte da capital. O atendimento no laboratório funciona das 8h às 17h.