A Maternidade Doutor Moura Tapajóz (MMT), da Prefeitura de Manaus, deu início nessa quinta-feira (17), às 8h30, à programação de prevenção e conscientização alusiva ao Dia Mundial da Prematuridade, celebrado em 17 de novembro, e à campanha “Novembro Roxo”, que alerta as famílias e toda sociedade sobre o crescente número de partos prematuros, como preveni-los, e informa a respeito das consequências do nascimento antecipado para o bebê. “Garanta o contato pele a pele com os pais desde o momento do nascimento” é o tema global do Dia Mundial da Prematuridade deste ano.
“Nossa maternidade, como Hospital Amigo da Criança, já tem como prioridade a separação zero e o contato pele a pele e, no caso dos bebês prematuros, disponibiliza um alojamento para acolher as mães dos bebês internados na UTI Neonatal da unidade”, destacou a enfermeira obstetra Núbia Cruz, diretora da MMT.
O alojamento, conhecido como albergue, garante uma maior qualidade na atenção às mães que, no período delicado do pós-parto, precisam permanecer na maternidade para acompanhar seus recém-nascidos internados. Após receber alta da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), o bebê prematuro nascido na MMT ainda passa pela Unidade de Cuidados Intermediários Convencionais (UCINCo) e, só então, finalmente, segue para a Unidade de Cuidados Intermediários Canguru (UCINCa), antes de ir para casa.
A Unidade de Cuidados Intermediários Canguru (UCINCa) faz parte da assistência neonatal do Método Canguru, que promove a atenção humanizada ao bebê prematuro e é indicado principalmente para recém-nascidos com baixo peso, tornando o pós-parto mais aconchegante e aproximando ainda mais mãe e filhos por meio do contato “pele a pele”.
As vantagens do método são o aumento do vínculo mãe-filho, menor tempo de separação entre os dois, estímulo ao aleitamento materno, maior competência e confiança dos pais nos cuidados ao filho de baixo peso, menor número de recém-nascidos em unidades de cuidados intermediários, melhor relacionamento da família com a equipe de saúde, diminuição da infecção hospitalar e menor permanência hospitalar.
“Trabalhamos para que ocorra uma sensibilização nos processos de trabalho de toda equipe e para que nenhum recém-nascido seja privado do contato pele a pele precoce por práticas hospitalares”, destacou a médica neonatologista Paula Célia Dias Menezes, coordenadora da neonatologia da MMT.
A médica disse ainda que os objetivos são aumentar a participação efetiva da mãe e do pai nos cuidados dentro da unidade de terapia intensiva, diminuir o tempo de início da posição canguru. “Nós aumentamos o número de horas diárias de canguru e incentivamos a posição canguru na terceira etapa”, explicou.
Nesta quinta-feira, a mesa redonda de abertura das ações do Novembro Roxo teve como tema a importância do contato pele a pele e contou com a apresentação dos projetos de intervenção das especialistas da MMT em enfermagem neonatal pelo Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), Jucilene Pereira dos Santos e Maria do Socorro Cézar Guimarães.
A programação seguiu com a apresentação do Protocolo do Uso da Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas (CPAP) na sala de parto, com a médica neonatologista Paula Célia Menezes e o fisioterapeuta Marcos Giovanni Carvalho. Finalizando a manhã, com a assistente social e chefe da Divisão de Ações Estratégicas da MMT, Loiana Melo, que apresentou um Panorama da Estratégia Qualineo na Maternidade Dr. Moura Tapajóz.
Nos dias 22 e 23/11, haverá ainda programações científicas com a médica neonatologista e coordenadora do Ambulatório de Follow Up da Maternidade Dr. Moura Tapajóz, Briza Rocha, e um encontro entre os profissionais da maternidade e servidores de 28 Unidades Básicas de Saúde (UBSs).
“Essa visita à maternidade e encontro com os servidores será muito importante. Teremos a oportunidade de conversar sobre como realizar o acompanhamento (follow up) de bebês de alto risco nas UBSs, sobre cuidado humanizado centrado na família e no bebê, falar sobre a nossa experiência no ambulatório de seguimento de bebê de risco aqui na MMT e avançar na qualidade do cuidado desse recém-nascido prematuro após a alta hospitalar”, ressaltou Briza.
Prematuridade
A condição é a principal causa de mortalidade infantil antes dos cinco anos de idade no mundo. Segundo informações da Organização Não Governamental (ONG) prematuridade.com, o Brasil é o décimo país no ranking mundial de partos prematuros e, em 2021, eles representaram 11,8% dos nascimentos. Na região Norte, esse percentual sobe para 14,1%. O município de Manaus, no entanto, apresentou uma redução de 8,75% em 2020, para 8,25% em 2021, no mesmo período, números bem abaixo da média nacional.
A prematuridade extrema ocorre quando o bebê nasce com menos de 28 semanas de gestação. Já a prematuridade tardia acontece entre 34 e 36 semanas e seis dias. Porém, sem um acompanhamento especializado, ambas as situações podem trazer consequências para a criança.
Ainda segundo a ONG prematuridade.com, as crianças que nascem precocemente, além do risco alto de mortalidade, também podem ter outros problemas, como dificuldades no desenvolvimento digestivo, respiratório, de linguagem e do desenvolvimento global.
De acordo com a diretora do Departamento de Atenção Primária da Semsa, Sonja Ale Girão Farias, quando se fala de cuidado do neonato prematuro é quase inevitável pensar em tecnologia de ponta. No entanto, segundo a enfermeira, a verdade é que esse cuidado começa ainda na sala de parto ou na sala de cirurgia, com uma tecnologia simples e leve: o contato pele a pele.
“Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o estímulo sensorial gerado pelo contato pele a pele em bebês prematuros é essencial para o cuidado carinhoso e sensível, fundamental para o desenvolvimento do bebê e está ligado às emoções e à memória, favorecendo a secreção de ocitocina e potencializando o vínculo entre mãe e filho”, destacou Sonja.
Entre as principais causas obstétricas para a prematuridade, estão a hipertensão materna, a diabetes gestacional e a pressão alta ou pré-eclâmpsia. Outros fatores também podem levar ao parto prematuro, como o hábito de fumar, o consumo de álcool, drogas, estresse, infecções do trato urinário, sangramento vaginal, obesidade, baixo peso e distúrbios de coagulação.
Da Assessoria
Foto: Elienai Emanuel/Semsa