Em dois anos, mais de 13 mil crianças são registradas sem o nome do pai no AM

Em dois anos, mais de 13 mil crianças são registradas sem o nome do pai no AM
Reportagem: Cindy Lopes
(Foto: Reprodução/Agência Brasil)

Apesar do reconhecimento de paternidade ser um procedimento simples, do ponto de vista operacional, em quase dois anos de pandemia mais de 13.500 crianças no Amazonas foram registradas sem o nome do pai na certidão de nascimento. São cerca de 6 mil bebês apenas com o nome da mãe no documento em 2020 e pouco mais de 7 mil em 2021 – 10% dos nascidos entre os dois últimos anos. Os dados são de um levantamento feito pelos Cartórios de Registro Civil do Estado.

Especialistas alertam para a ausência que vai muito além de um documento, mas para o impacto do abandono afetivo que gera consequências para os futuros adultos. A psicóloga infantil, Priscilla Montefusco, comenta que crianças que crescem sem a figura paterna podem desenvolver diversos tipos de traumas. (Ouça)

A assistente administrativo Lana Braga criou o filho sem a presença do pai e conta que, entre os 8 e 10 anos, o menino passou por situações difíceis, resultado da ausência paterna. (Ouça)

Priscilla Montefusco orienta que as mães-solo ou cuidadores tenham um diálogo aberto com a criança e procurem ajudar da melhor forma possível. (Ouça)

O sociólogo da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Luiz Antônio, afirma que a falta do nome do pai na certidão de nascimento é só a “ponta do iceberg”. (Ouça)

A ausência do reconhecimento de paternidade é um grave problema no Brasil. Dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), com base no Censo Escolar de 2011, indicam que mais de 5 milhões de crianças não têm, no registro de nascimento, o reconhecimento do vínculo paterno.

De acordo com o IBGE, em 2015, o país registrou um número de mais de 1 milhão de famílias formadas exclusivamente por mães, em um período de dez anos.