Por Dhyene Brissow
Em entrevista à Rádio Difusora do Amazonas, a advogada criminalista Catharina Estrella, compartilhou sua trajetória profissional e os desafios enfrentados pelas mulheres no campo jurídico na capital e no Estado. A conversa foi feita com os radialistas e apresentadores do programa Giro de Notícias, Tereza Pinheiro, Geraldo Campelo e Álex Ferreira.
Quando perguntada sobre um episódio machista que ela foi vítima, e que ganhou repercussão nacional, ela compartilhou a sua luta após esse ataque e as conquistas alcançadas até o momento.
“Quando eu passei por esse episódio eu já tinha 14 anos de advocacia, então eu não era uma iniciante, mas me surpreendi com aquele tipo de conduta. A gente não pode se acostumar. Eu quero dizer que me impactou numa esfera jurídica, uma necessidade de combater isso institucionalmente. Esse caso me chamou justamente pro que acontece na violência institucional. Ali eu sofri uma violência do Ministério Público, ali presente, assim como a emissão do juíz. E a minha luta foi estabelecer esse reconhecimento, e graças a Deus essa luta tem continuado”, afirmou ao completar que no dia 11 de fevereiro de 2025 foi julgada essa matéria no CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e reconhecida a violência institucional.
Outro ponto abordado pela advogada criminalista foi a misoginia. “A misoginia ainda é pouco abordada na nossa legislação, mas no ano passado (2024), a lei 14.992024, que alterou na lei do Feminicídio, ela incluiu esse tipo penal na injúria, que se trata justamente de punir com maior gravidade ofensas dirigidas a condição de mulher. Eu ainda não acho o suficiente, por quê? E eu gostaria de dizer: ainda transfere a mulher que tem que fazer uma queixa-crime em situações como tais, ou seja, o custo jurídico disso, de contratação de advogados de buscar os seus direitos ainda é dado à mulher. Mas veja, isso é do interesse de toda a sociedade, a meu ver, deveria ser uma Ação Penal Pública incondicionada, então fica assim, meu recado pro legislador, para dar maior acesso ao poder judiciário”, explicou.
Ocupando o cargo de presidente da Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas (Abracrim), Estrella detalhou as ações e iniciativas que têm promovido para garantir mais espaço e mais respeito para as mulheres na advocacia criminal. “A Abracrim do Amazonas, a gente tem primeiro, uma diretoria com maioria de mulheres, presidente e vice-presidente, então, maior espaço de mulheres é extremamente importante para atingir essa coletividade. E o respeito para essas situações de lawfare * de gênero, de maior presença feminina, nesses ambientes, a gente precisa se sentir amparada. (…) E uma associação, ela visa justamente dar isso. E eu quero dizer que nesse processo todo que, particularmente, fui vítima, eu não estava sozinha, eu tinha um associação, uma advogada própria, eu tinha a Ordem dos Advogados do Brasil, então isso é uma proteção que nem todas as classes têm, mas a gente precisa evoluir pra isso”, avaliou a advogada.
Durante a entrevista, Catharina também enfatizou a importância da representatividade feminina na advocacia e discutiu maneiras de fortalecer a presença das mulheres nesse ambiente. Ela também abordou a importância da rede de apoio da vida da mulher para ser uma boa profissional, por exemplo.
O lawfare de gênero acontece quando determinados grupos ou indivíduos utilizam acusações infundadas ou manipulam o sistema legal para promover suas agendas, prejudicando pessoas com base em seu gênero (geralmente mulheres).
Confira a entrevista completa:
Elas Têm o Poder 2025
A campanha “Elas Têm o Poder” promove em março, mês da mulher, entrevistas, debates, lives e podcasts especiais para valorizar as conquistas e falar sobre os desafios da mulher na sociedade.
PARCEIROS
A Campanha “Elas Têm o Poder” é uma realização das rádios Difusora e BandNews Difusora com o apoio das empresas Atem e Eneva.