Diagnóstico precoce do câncer de próstata aumenta em até 80% as chances de vida sexual ativa

Temor de grande parte da população masculina, a disfunção erétil é um risco associado ao tratamento do câncer de próstata, quando diagnosticado tardiamente. A boa notícia é que, homens com vida sexual ativa, e sem doenças pré-existentes, como o diabetes e a hipertensão, têm até 80% de chances de manter um bom desempenho sexual, mesmo após o tratamento da neoplasia maligna, desde que a alteração seja detectada em estágio inicial. A afirmação é do cirurgião urologista da Urocentro Manaus, Dr. Giuseppe Figliuolo.

Membro titular da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) e doutor em saúde coletiva, Figliuolo destaca que a manutenção da potência sexual, para pacientes que fazem tratamento contra o câncer de próstata, depende de uma série de fatores. “Se o indivíduo já tinha um bom desempenho sexual antes do tratamento, e não tem doenças como diabetes, hipertensão, ou, outras alterações como as vasculares, é possível que ele volte a ter uma performance satisfatória após o tratamento. Mas, essa projeção só inclui pacientes com doença em estágio inicial”, esclareceu.

Isso porque, quanto mais cedo a doença é descoberta, maior é a possibilidade de ela estar localizada apenas na glândula da próstata, o que aumenta as possibilidades de sucesso no tratamento e possibilita uma terapia menos agressiva. Assim, tratamentos como os cirúrgicos, especialmente os minimamente invasivos (a exemplo da videolaparoscopia e da cirurgia robótica), garantem que a abordagem seja o mais precisa possível, preservando o conjunto de nervos próximos à glândula, os quais são responsáveis pela manutenção da ereção. Eles recebem o nome de complexo vasculo-nervoso.

“A ereção ocorre, basicamente, pelo aumento do volume de sangue no pênis, após o estímulo sexual. Mas, a sua manutenção, durante o ato sexual, depende de terminações nervosas próximas à região da próstata. Se esses nervos forem mantidos, as chances de retorno a uma vida sexual satisfatória são maiores”, explica o especialista.

O câncer de próstata é o primeiro em incidência no Amazonas e o segundo no Brasil, conforme dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), subordinado ao Ministério da Saúde (MS). A última projeção do órgão traz a estimativa de 65,8 mil novos casos ao ano no País e 480, no Estado, número considerado preocupante, tendo em vista que a maioria dos diagnósticos ainda ocorre com a doença em estágio avançado.

Rastreio

Com cerca de 20 anos de atuação na área oncológica, Giuseppe Figliuolo destaca que o rastreio da doença deve ocorrer a partir dos 50 anos, de forma geral, e a partir dos 45 anos, para pessoas com histórico desse tipo de câncer na família e também para homens negros, uma vez que pesquisas recentes apontam que essas duas parcelas da população têm maior probabilidade de desenvolver a doença – a primeira, em função do fator hereditário.

O rastreio é feito através de avaliação clínica, por um médico urologista, e inclui, além de exames como o PSA (antígeno prostático específico), o toque retal, uma vez ao ano. “É importante sempre lembrar que o câncer de próstata é assintomático no início. Por isso, a alteração só pode ser detectada a partir do rastreio. Outro detalhe é que os dois exames devem se complementar nesse processo, não sendo indicado apenas um deles para a análise”, frisou.


Já nas fases intermediária e avançada, o câncer de próstata apresenta sintomas como dor pélvica, continência urinária, inchaço na região, micção frequente (ir várias vezes ao banheiro), jato de urina fraco, nictúria (vontade de urinar frequentemente à noite), sangue ou sêmen na urina, disfunção erétil, dores no quadril, nas costas, coxas, fraqueza ou dormência nas pernas ou pés.

Novembro Azul

O Novembro Azul, campanha coordenada no Brasil pela SBU, traz à tona a importância da saúde integral do homem, com ênfase para a necessidade de se criar uma rotina de rastreio do câncer de próstata. O tema escolhido para 2021 foi: ‘Saúde também é papo de homem’. “Se fortalecermos essa cultura, a tendência é que os óbitos pela doença caiam ao longo dos anos. Atualmente, cerca de 10% dos pacientes que não tratam a doença da forma correta, acabam morrendo menos de cinco anos após o diagnóstico, uma realidade que precisa ser mudada”, destacou.