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Desmatamento recorde na Amazônia é principal causa de fumaça que cobre Manaus

Desmatamento recorde na Amazônia é principal causa de fumaça que cobre Manaus
Reportagem: Vitória Freire

Você provavelmente notou a fumaça que cobre Manaus desde sábado (20). A explicação dada por autoridades foi limitada, com justificativas comuns para o período, mas especialistas defendem que a situação é ainda mais preocupante.

O secretário do Meio Ambiente, Antônio Ademir Stroski, minimizou o episódio a três fatores, entre eles o de queimadas em fundo de quintal.

No entanto, a explicação para a causa da fumaça, que percorreu mais de 600 quilômetros para chegar em Manaus, é influenciada por atividades em territórios do Amazonas e Pará, além da ausência de formas de combate aos incêndios no atual momento.

Os dados do monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam que a concentração de calor e pontos de incêndios florestais se centralizam em meio ao arco do desmatamento na Amazônia.

Os registros acontecem nos municípios de Altamira, Novo Progresso e São Félix do Xingu, no Pará, e Apuí, Lábrea e Novo Aripuanã, no sul do Amazonas.

O especialista em física aplicada às questões ambientais e doutor em física atmosférica pela USP, professor Paulo Artaxo, analisa o contexto e explica de que forma a fumaça se alastra pela região.

Ainda com base nas informações capturadas e fornecidas pelo Inpe, o número de focos ativos de queimadas no Amazonas referentes ao mês de agosto – que ainda nem acabou – cresceu drasticamente. O aumento foi, em média, de mais de 300% em comparação ao mês de julho. No Pará, o crescimento é de 445%.

O pesquisador do Instituto do Homem e Meio Ambiente (Imazon), e mestre pela Universidade de Yale em ciência e conservação da Amazônia, Paulo Barreto, afirma que já existem, na região, tecnologias para que atividades como agricultura e pecuária sejam praticadas, sem a necessidade de desmatar.

O especialista reforça que o aumento de fumaça nas cidades ocorre na estação mais seca do ano na Amazônia, entre maio e outubro, quando ocorrem as queimadas.

Uma parte significativa desses incêndios é utilizada para limpar o solo após o desmatamento.

Dados do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), do Imazon, divulgados nesta semana, mostram que nos últimos 12 meses, de agosto de 2021 a julho de 2022, foram derrubados 10.781 km² de floresta, a maior área devastada dos últimos 15 anos para o período, sendo 3% superior à registrada no relatório anterior.