Dia 11 de dezembro, acontece a final da Copa Verde 2021, competição de futebol que reúne equipes das regiões Norte e Centro-Oeste, do Distrito Federal e do Espírito Santo, em prol do meio ambiente. Quando o juiz apontar o centro do campo no Estádio Evandro Almeida, o Baenão, na final entre Remo e Vila Nova, em Belém, no Pará, a Amazônia também participará da festa.
O time campeão e o melhor jogador da partida ganharão troféus de madeira nativa certificada pelo FSC, produzidos por artesãos da Movelaria Anambé, empreendimento comunitário administrado pela Cooperativa Mista da Floresta Nacional do Tapajós, no Pará, e idealizados pelos designers Guido Guedes e Alessandra Delgado.
A Coomflona possui o selo FSC 100% comunitário para manejo florestal desde 2013 e comprova a importância dos pequenos produtores na conservação das florestas. Hoje, eles são parceiros da Iniciativa Design & Madeira Sustentável, desenvolvida pela BVRio em parceira com o FSC e a própria cooperativa, que leva designersrenomados até a comunidade, viabiliza workshops, troca conhecimentos e conecta os empreendedores da Amazônia ao mercado. “Produzir esse prêmio é muito importante para nós, porque conseguimos mostrar tudo o que é possível fazer dentro de uma cooperativa administrada por pessoas do interior, como ribeirinhos”, diz Arimar Feitosa Rodrigues, coordenador da movelaria.
Atualmente, cerca de 200 pessoas trabalham na Coomflona, dentro do manejo florestal. “Desde 2005, ano da fundação, as condições de vida melhoraram muito”, diz Arimar. “Com a certificação FSC, conseguimos mostrar para os clientes da ponta todo o trabalho que é feito e, assim, achar preços mais justos”, completa. Entre os avanços conquistados, Arimar cita a diminuição do desmatamento, o aumento da renda e o acesso à educação. “Isso tudo é visível quando a gente vai para as comunidades, e a cada ano, colhemos melhores frutos”.
Futebol e sustentabilidade
A Copa Verde promove uma economia ambientalmente correta, mas também a inclusão social de toda comunidade envolvida. Beto Mesquita, Diretor de Florestas e Políticas Públicas da BVRio, explica que a iniciativa Design & Madeira Sustentável visa agregar valor à madeira oriunda de manejos florestais sustentáveis comunitários na Amazônia brasileira. “Acreditamos que todos devem se beneficiar com a economia verde e procuramos apoiar os grupos sociais mais vulneráveis nos setores em que atuamos”, destaca.
Além disso, a Copa Verde se tornou, em 2016, a primeira competição carbono zero do futebol brasileiro e já compensou mais de mil de toneladas de carbono com o plantio, só na região do Xingu, de 5.000 árvores em regime de agrofloresta. Nessa edição serão compensadas mais 210 toneladas de CO2 e plantadas 914 árvores em Altamira. A competição já retirou do meio ambiente mais de cinco toneladas de garrafas PET, o equivalente a 200 mil garrafinhas. “O futebol é uma poderosa ferramenta para a educação para a sustentabilidade”, afirma Carlos Henrique Rodrigues Alves, consultor de sustentabilidade para a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), acrescentando que ao todo, mais de uma centena de catadores foram envolvidos, gerando renda para essas famílias”.
O campeão da Copa Verde ganha ainda R$ 150 mil e uma vaga na terceira rodada da Copa do Brasil. Nesta temporada, o valor total das premiações da CBF no campeonato foi de R$ 1.5 milhão. Todos os times receberam incentivo financeiro desde a primeira fase, o que para muitos deles é extremamente significativo.
A história por trás dos troféus
O troféu de campeão, criado pelo designer Guido Guedes, foi feito de itaúba, garapeira, ipê e muiracatiara. O contraste de cores das diferentes espécies ressalta a diversidade da flora brasileira e as lâminas multifacetadas convidam a compor trilogias, como ‘Defesa, Meio de Campo e Ataque’, ‘Pessoal, Familiar e Social’ ou ainda ‘Equipe, Adversário e Competição’. “A peça foi toda feita com madeira maciça, fruto de manejo responsável e certificado pelo FSC”, explica Guido.
Para desenhar o troféu do melhor jogador da partida final, a artista Alessandra Delgado se inspirou na importância da natureza e na sua conexão com o homem. “A esfera simboliza, ao mesmo tempo, uma grande copa de árvore e a bola em jogo, a copa abraçada pelo majestoso tronco, como um abraço à natureza, remetendo à união da equipe em jogo”, explica. Foram utilizadas madeiras de itaúba, muiracatiara e piquiarana.
As gravações dos logos foram feitas na fábrica da Tramontina em Belém, onde são produzidos móveis de madeira para áreas internas e externas e utilidades domésticas. A Tramontina possui certificação FSC de cadeia de custódia, o que possibilita a rastreabilidade de produtos de origem florestal e garante ao consumidor o uso de matéria-prima de florestas manejadas, segundo rigorosas normas e critérios que levam em consideração não apenas aspectos ambientais e econômicos, mas também sociais.
União em prol do manejo responsável das florestas
Em 2017, a CBF e o FSC Brasil uniram esforços para implementar ações sustentáveis relativas à Copa Verde e promover o manejo responsável das florestas brasileiras. “Ao juntar duas paixões nacionais, o futebol e a Amazônia, provamos que pode existir um campeonato voltado para práticas socioambientais”, diz Daniela Vilela, diretora executiva do FSC Brasil. No ano seguinte, a Iniciativa Design & Madeira Sustentável, da BVRio, foi convidada a reforçar a parceria, valorizando o manejo comunitário.
Da Assessoria