O interior do Amazonas é o mais afetado pela má distribuição de médicos do país.
A média é de apenas 0,19 profissionais da saúde por mil habitantes nas cidades do interior, a menor demografia entre outros estados do Brasil.
Só Manaus é responsável por 2,30 médicos por mil habitantes.
Segundo dados do Conselho Federal de Medicina, o Amazonas tem 5901 médicos ativos. A maior fatia desses profissionais se concentra em Manaus, o equivalente a 87%. No interior, o número é de pouco mais de 280 médicos para atender 61 municípios. (Ouça)
A lista de problemas de saúde da Maria de Fátima, aposentada que mora em Itacoatiara, no interior do Amazonas, é extensa.
Ela tem a demanda de cuidados específicos, mas encontra muita dificuldade de ser atendida, justamente pela falta de médicos. (Ouça)
Se olhar para médicos especialistas, a situação piora.
No Amazonas, segundo dados do Conselho Federal de Medicina, existe apenas um especialista em Genética Médica e Medicina de Emergência, três em Medicina Física e Reabilitação, quatro em Medicina Nuclear e seis em Geriatria.
O estado é o terceiro com menos cardiologistas no país. Comparado com o Distrito Federal, a quantidade desses especialistas é oito vezes menor no Amazonas. Em relação a psiquiatras, o estado é o segundo no ranking com menos profissionais por mil habitantes.
De acordo com André Raeli, que é o diretor nacional de Educação Continuada do Instituto de Pós-Graduação em Medicina (Ipemed), um dos principais fatores para esse cenário é a oferta de capacitação. (Ouça)
O Ipemed está inaugurando em Manaus uma unidade da instituição para atender essa demanda reprimida de médicos.
Além da unidade de pós-graduação na capital, o grupo também inaugura neste mês duas faculdades de Medicina – em Manacapuru e Itacoatiara, dobrando a oferta de vagas nessa área, no estado.
Segundo André Raeli, é importante que o Estado amplie políticas públicas na saúde, que se complementem com a capacitação, para combater o êxodo de potencialidades. (Ouça)
A região Norte é a que menos tem médicos especialistas na comparação com outras regiões do Brasil.
No Sudeste, por exemplo, há uma relação de 3,15 médicos por mil habitantes.
No Norte, o número é de 1,30, muito abaixo da média nacional que é de 2,50 médicos por mil habitantes.