Para avaliar o impacto da vacinação contra o Papilomavírus humano (HPV), a Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), vai participar de um novo estudo de Prevalência do HPV no Brasil (POP-Brasil 2). Coordenada pelo Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre (RS), em parceria com o Ministério da Saúde, com recursos do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS), a pesquisa vai acontecer em 27 capitais brasileiras, assim como ocorreu no primeiro estudo realizado entre 2015 e 2017.
Em Manaus, profissionais de cinco Unidades Básicas de Saúde (UBSs), localizadas nas zonas Norte, Sul, Leste, Oeste e rural, participaram na quarta-feira (6), do treinamento para a aplicação do questionário e coleta de material cervical, peniano e anal para o exame de detecção do HPV.
O público-alvo para o novo estudo é formado por homens e mulheres na faixa etária entre 16 e 25 anos, que já tenham tido relação sexual, considerando que o HPV é uma infecção sexualmente transmissível. A meta do estudo em Manaus é atingir 410 participantes.
Conforme a chefe do Núcleo de Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST/Aids) e Hepatites Virais da Semsa, enfermeira Rita de Cássia Castro de Jesus, o primeiro POP-Brasil foi realizado em Manaus no ano de 2017, com a participação de aproximadamente 227 pessoas, também envolvendo a faixa etária de 16 a 25 anos, em cinco Unidades de Saúde, para determinar a prevalência do vírus HPV e seus tipos.
“Na primeira pesquisa, o público-alvo foi selecionado na faixa etária de 16 a 25 anos porque representava uma população que em sua maioria não havia iniciado a vacinação contra o HPV. Na nova pesquisa, passado esse período de tempo, o público-alvo terá a mesma faixa etária, mas que já recebeu ou deveria ter recebido a vacina contra o HPV. Então, os novos dados da pesquisa poderão indicar se as pessoas vacinadas têm ou não algum tipo de HPV e, se tem o vírus, qual o tipo de HPV. As respostas para essas perguntas vão permitir avaliar se houve mudança na prevalência do vírus e o impacto da vacinação nesse público”, informou Rita de Cássia.
No Brasil, a vacinação contra o HPV foi incorporada ao Programa Nacional de Imunização (PNI) no ano de 2014.
A aplicação do questionário para a pesquisa e coleta de material para o exame, no município de Manaus, serão realizadas nas UBSs do bairro da Paz (zona Oeste), Ivone Lima (zona Leste), Morro da Liberdade (zona Sul), José Figliuolo (zona Norte) e Pau-Rosa (zona rural).
“A adesão é voluntária, com todos os dados coletados de forma sigilosa. E é extremamente importante que a população faça a adesão ao estudo para que Manaus possa ter informações exatas sobre o impacto da vacinação e a incidência do HPV, vírus que é um dos principais responsáveis pelo câncer do colo do útero, além de causar o câncer de pênis e boca, entre outros”, alertou Rita de Cássia.
A médica epidemiologista do Hospital Moinhos de Vento, Eliana Wendland, coordenadora do estudo, explicou que com a certificação dos profissionais da Semsa, treinados para realizar a entrevista e coleta de material para o exame, as Unidades de Saúde de Manaus poderão iniciar o trabalho para a pesquisa na próxima semana.
“O material coletado será analisado em laboratório central na Universidade Federal de Ciências em Saúde, no Rio Grande do Sul”, informou a coordenadora, ressaltando que o projeto trará informações importantes para o planejamento em saúde na área do HPV.
Prevalência
No estudo realizado no ano de 2017, a prevalência da infecção pelo HPV foi de 54,8% entre a população que participou da pesquisa em Manaus, um pouco acima do índice da região Norte, que ficou em 53,54%. A maior prevalência foi verificada na região Nordeste, com 58,09%, e na região Centro-Oeste com 56,46%, com a região Sudeste apresentando 49,92%, e a região Sul 49,68%.
De acordo com a secretária municipal de Saúde, Shádia Fraxe, o HPV é um dos principais causadores dos casos de câncer do colo do útero, que tem grande incidência no Amazonas, podendo ser prevenido com a vacinação contra o Papilomavírus, que é disponibilizada para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos, na rede municipal de saúde.
“Este mês, a Semsa, por conta da campanha ‘Outubro Rosa’ na prevenção ao câncer do colo do útero, tem intensificado a oferta da vacina e alertado para a importância de completar o esquema vacinal contra o HPV. Além disso, as unidades de Saúde ofertam o exame preventivo, que pode detectar de forma precoce as lesões precursoras do câncer, permitindo que, com o diagnóstico e tratamento adequado, seja possível evitar o desenvolvimento do câncer do colo do útero. O uso de preservativo nas relações sexuais, disponíveis de forma gratuita nas unidades de Saúde, também é uma forma de evitar a infecção pelo HPV”, informou a secretária.