Por Jefferson Ramos:
Dos seis candidatos à Prefeitura de Manaus que divulgaram planos de governo, nenhum apresentou propostas de política pública para pessoas da comunidade LGBTQIAPN+. Na maioria dos planos, nem a menção à sigla é feita. Apenas o deputado federal Amom Mandel (Cidadania) ainda não divulgou as propostas no Divulgacand da Justiça Eleitoral.
Somente o candidato do PSTU, Gilberto Vasconcelos, cita a abreviatura e se compromete a criar lei para combater lgbtfobia e incluir conteúdos sobre diversidade de gênero no currículo municipal de educação, mas não considerou criar políticas em outras áreas para o grupo.
Assim como em outras capitais, em Manaus existe um vácuo de acolhimento para pessoas LGBTQIAPN+ com laços familiares rompidos por causa da identidade de gênero ou orientação sexual. Atualmente, essa desassistência estatal é atendida parcialmente pela Casa Miga, organização da sociedade civil organizada.
O espaço é mantido por doações de particulares. A casa de acolhimento também recebe pessoas refugiadas e em situação de vulnerabilidade social.
A diretora da Casa Miga, Karen Arruda, conta que não está surpresa com ausência de propostas para o grupo e acrescenta que enquanto outros estados avançam, o Amazonas ainda tem dificuldade em entregar direitos humanos básicos para o segmento.
O acadêmico na temática LGBT e um dos fundadores da Casa Miga, Emílio Morón, considera extremamente preocupante que se ignore as demandas da comunidade. Para Morón, a falta de proposta por parte do candidato do PT, Marcelo Ramos, lhe chamou atenção. O arco de alianças de Ramos comporta partidos de esquerda que militam por direitos para pessoas trans, lésbicas e gays.
Membros de movimentos LGBT chegaram a ter reuniões na Câmara Municipal de Manaus sobre a necessidade de criação de uma casa pública e pressionaram o então prefeito de Manaus, Arthur Neto, pelo espaço. Contudo, a iniciativa ainda não foi tirada do papel no mandato do prefeito David Almeida (Avante).