Viúva e amigos de Dom Phillips criam instituto para disseminar saberes de povos da Amazônia

A viúva e amigos do jornalista britânico Dom Phillips criam instituto em homenagem a ele para apoiar projetos que disseminem os saberes tradicionais da população amazônida.

Segundo Alessandra Sampaio, viúva de Dom e diretora-presidente do Instituto Dom Phillips, o objetivo é perpetuar a paixão dele pela Amazônia, bioma que o britânico visitou a trabalho, pela primeira vez, em 2015.

Conforme Sampaio, Dom entendia que há um grande problema social e econômico na Amazônia, com muita gente exercendo atividades criminosas por falta de fonte de renda e que há várias questões que envolvem não só a sustentabilidade e a proteção à flora e à fauna, mas também a proteção das pessoas, que “estão muito desassistidas”.

As informações foram dadas em entrevista com Alessandra Sampaio à TV Brasil, no programa Repórter Brasil, que vai ao ar nesta quarta-feira (5), às 18h (Hora Manaus).

Quando foi morto, a tiros, em junho de 2022, o jornalista estava a caminho do entorno da Terra Indígena Vale do Javari, onde pretendia entrevistar líderes indígenas e ribeirinhos para escrever um livro-reportagem que seria intitulado “Como Salvar a Amazônia”.

A terra indígena Vale do Javari é a segunda maior área da União destinada ao usufruto exclusivo indígena e a que abriga a maior concentração de povos isolados em todo o mundo.

Dom Phillips viajava na companhia de Bruno Pereira, servidor de carreira da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), da qual tinha se licenciado em fevereiro de 2020, por discordar das orientações de execução da política nacional indigenista durante o governo de Jair Bolsonaro.

Na época, Pereira atuava como consultor técnico da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja).

Em 23 de julho de 2022, o Ministério Público Federal (MPF) denunciou Amarildo da Costa Oliveira, (conhecido como “Pelado”), Oseney da Costa de Oliveira (“Dos Santos”) e Jefferson da Silva Lima (“Pelado da Dinha”) por duplo homicídio qualificado e ocultação dos corpos de Bruno e Dom.

Também foram detidos e indiciados pela Polícia Federal (PF) Ruben Dário da Silva Villar (“Colômbia”) e Jânio Freitas de Souza.

O processo judicial está em andamento, mas a Subseção Judiciária Federal de Tabatinga, no Amazonas, ainda não marcou a data do julgamento dos três principais acusados.

Da redação.