Pará: Detecção do vírus da polio alerta para risco de reemergência da doença

A Secretaria de Saúde Pública do Pará confirmou nessa quinta-feira (6), a detecção do vírus da poliomielite (paralisia infantil) nas fezes de uma criança de 3 anos, no município de Santo Antônio do Tauá, interior do Estado. O caso segue sob investigação, mas as autoridades de saúde locais já confirmaram que não se trata de poliovírus selvagem, mas sim do tipo Sabin Like 3, presente em sua forma atenuada na Vacina Oral contra Poliomielite (VOP).

O caso reforça o alerta sobre a possibilidade de retorno da poliomielite. Em 2020, o relatório da Comissão Regional para a Certificação da Erradicação da Poliomielite nas Américas, da Organização Mundial da Saúde (OMS) expressou preocupação com a possibilidade de reintrodução do poliovírus no Brasil. O país passou a integrar a lista de alto risco para a doença, ao lado de Bolívia, Equador, Guatemala, Haiti, Paraguai, Suriname e Venezuela. 

“O risco de reemergência da doença no Brasil é resultado da combinação da baixa cobertura vacinal desde 2016 com problemas de saneamento básico”, explica a pesquisadora Patricia Boccolini, coordenadora do Observatório de Saúde na Infância – Observa Infância, iniciativa conjunta da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do Centro Universitário Arthur Sá Earp Neto (Unifase).

Este ano, a Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite, realizada entre 8 de agosto e 30 de setembro, alcançou 60% do público-alvo, segundo levantamento do Observa Infância a partir de dados do Ministério da Saúde. A meta era que 95% das crianças de um a quatro anos recebessem o reforço da vacina contra a doença. 

Desde 2014, o município paraense de Santo Antônio do Tauá, onde o vírus foi detectado, não atinge a meta de vacinação contra a poliomielite. Durante a Campanha de Vacinação contra a Poliomielite, apenas 30% das crianças de um a quatro anos foram imunizadas, cobertura ainda menor que a do estado, onde 44% do público-alvo recebeu o reforço contra a poliomielite.

Queda na cobertura vacinal contra a poliomielite

Desde 2016, o Brasil não atinge a meta de 95% das crianças menores de um ano vacinadas contra a poliomielite, que foi oficialmente eliminada do país em 1994, graças à vacinação em massa. Em 2021, a cobertura vacinal contra a doença foi a menor dos últimos 25 anos: somente 75% da população-alvo recebeu o imunizante. 

No ano passado, dois de cada três municípios brasileiros não atingiram a meta de vacinação contra a poliomielite. Entre as capitais, 11 tiveram coberturas vacinais abaixo da média nacional em 2021: Teresina (74%), Natal (74%), São Paulo (73%), Porto Velho (72%), Aracaju (71%), Boa Vista (63%), Belém (57%), São Luís (48%), Joao Pessoa (43%), Macapá (39%) e Salvador (30%). Somente Vitória, no Espírito Santo, alcançou a cobertura mínima de 95% recomendada pelo Ministério da Saúde.

O levantamento é do VAX*SIM, estudo que investiga a queda da cobertura vacinal em crianças menores de cinco anos no Brasil, país com tradição de êxito na imunização infantil. A pesquisa é coordenada pelo Observatório de Saúde na Infância – Observa Infância, iniciativa conjunta da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do Centro Universitário Arthur Sá Earp Neto (Unifase).

Da Assessoria