Para preservar a fauna, é preciso conhecê-la. Partindo desse princípio, a climate tech brasileira brCarbon faz um monitoramento permanente de biodiversidade, que hoje soma 435 espécies de fauna, das quais 71 (16%) só existem na região amazônica e oito estão ameaçadas de extinção. O monitoramento ocorre nas áreas de trabalho do projeto de carbono Brazilian Amazon, no Acre e no Mato Grosso, e ganha evidência neste 22 de setembro, quando é celebrado o Dia Nacional de Defesa da Fauna.
O Brasil tem uma das faunas mais diversas do mundo. Apenas no levantamento da brCarbon, das 435 espécies monitoradas atualmente, 322 são aves, 54 anfíbios, 34 mamíferos e 25 répteis. “Algumas espécies possuem alta sensibilidade e dependem de condições ambientais adequadas para sua sobrevivência, ou seja, a conservação da floresta é fundamental para a manutenção do habitat. O monitoramento da biodiversidade é um eixo de atuação importante dentro dos projetos de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação (REDD+), servindo ao propósito de conhecer a composição e a riqueza de espécies ao longo do tempo, considerando as condições ambientais e a dinâmica populacional nestas regiões frente às alterações no clima, entre outras variáveis locais”, destaca a bióloga Camila Monteiro, gerente de projetos com enfoque em engajamento social e monitoramento de biodiversidade.
Outro aspecto importante do monitoramento da diversidade biológica é a geração de conhecimentos a partir dos levantamentos realizados com a produção de dados sobre a ocorrência e distribuição geográfica de espécies em áreas pouco ou nunca antes amostradas. A brCarbon está organizando um banco de dados coletados nas instâncias de seus projetos desenvolvidos prioritariamente em propriedades privadas na Amazônia. Esta ação deverá subsidiar análises e publicações científicas ao longo deste ano. “Tornar isso público é muito importante, muito significativo. A maioria dos dados são gerados hoje pelas universidades ou unidades de conservação. Agora estamos dentro de unidades privadas que talvez nunca fossem amostradas”, afirma Camila.
O monitoramento de biodiversidade é realizado em atendimento aos critérios do padrão internacional de projetos de carbono, seguindo o modelo CCB Standard – Climate, Community and Biodiversity, o que inclui procura visual ativa, instalação de armadilhas fotográficas, registro de encontros ocasionais, identificação pela vocalização com uso de gravadores acústicos e registros indiretos com a determinação de espécies por seus rastros, ossadas ou outros vestígios. “Para garantir a qualidade dos dados gerados e possibilitar análises qualitativas, adotamos em nosso protocolo a realização de duas campanhas de amostragem a cada ano, uma no período das chuvas e uma na seca, considerando as diferenças populacionais em decorrência da sazonalidade. Esse será um trabalho permanente, o que nos permitirá perceber alterações no comportamento das espécies ao longo dos anos”, explica Camila.